quinta-feira, 25 de julho de 2019

A normalidade foi levada pela janela junto com as moscas e os outros dejetos,
 a normalidade, morreu na cabeça de outras meninas.
 A normalidade é isso que o universo cospe na cara todos os dias pela manhã...
Granulado céu. 

domingo, 7 de julho de 2019

Mariana chora agora, pela água que virou lama.
Outra mãe também chora pela água que não apaga o incêndio
A mãe chora por não ter água pra beber, nem comida na mesa
Outra mãe chora pela bala perdida que entrou na escola
Mães choram pela bala perdida por causa da cor 
E outras choram pela alma do filho que ainda não descansou 
E os outros apenas colocam listas em fotos como ajuda maior. 
É, a Terra anda atordordoada e não sabemos para onde ir. 

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Espinhos

Furei o dedo com o espinho de um cacto.
Depois disso ela disse não
Meu sangue bombeou mais rápido 
meus olhos lacrimejaram
meu dedo ainda dói. 
Furei um dedo com espinho de uma Palma
planta sertaneja, que vive sem água
por fora só espinho e por dentro é alagada
Furei o dedo com espinho, quero trocar o ninho de árvore
não resta-me mais nada, só saudade. 
Furei o dedo com espinho e o ninho quer mudar de casa. 

domingo, 19 de novembro de 2017

Tenho uma devoção aos banhos de chuva, entardecer e anoitecer no verão, canto de pássaros, assovio dos avós e silêncio noturno.
Onde moras sereia?
De onde surges com caudas azuis tão belas? 
Sereia se puder me leva contigo para o mar, eu aprendo a nadar.
Despedida

Antes de ir já sinto saudades.
Transgressão 
2. avanço do mar sobre áreas litorâneas, em virtude de elevação do nível do mar ou de movimentos de afundamento da zona costeira.
Ah, se José contasse o segredo dos elefantes brancos nas pontas da casa, aquela rua nunca teria sido tão feliz e tão cheia de crianças.
E José não seria jamais José...

domingo, 1 de outubro de 2017

sábado, 16 de setembro de 2017

Mulher cactaceae

Seca por fora
Alagada por dentro.

sábado, 26 de agosto de 2017

Nuvem

Tão distantes são os peixes de nós,  mas as nuvens nem podem ser tocadas, se pudéssemos a paixão se confundiria com o mar.

domingo, 20 de agosto de 2017

Burlar-se

O lixo que há por dentro.
Em fuga constante.

Mínima VII

O que te acompanha?
- A chuva e a saudade.

quarta-feira, 7 de junho de 2017

Descanso

Cansaço.
Só vinte e quatro e já me vejo sem esperança de mais nada, um diário online, praticidade do caos, não há concentração que me cative, estou virando água, diluindo aos poucos nesse mundo tão caótico,  bomba aqui, bomba ali, tropas de choque, índios mortos, negros inocentes e nada acontece, a justiça não existe a democracia morreu no dia do meu nascimento.
Uma máquina humana de scripts, bom dia, boa tarde, algo mais, arquivos, números,  nomes, tvs, roteadores e um mundo que como eu, não se socializa mais, onde estou? Deitada, sem vontade de pintar as bulas, ou de escrever poemas, ou de tentar qualquer outra coisa que me dê um sorriso, parece que minha vida parou no dia em que maria se foi, nada fez mais sentindo, não me entendo aqui, hoje, sete de junho de dois mil e dezessete e só faço parte de um colchão, não sinto a menor vontade de ver a luz lá fora, só ouço os pingos da chuva, então esta tudo bem.
Não tenho canto, não durmo com os pingos da chuva, com o som da música,  com remédios,  com o barulho do meu ouvido, e dormir é apenas a vontade e desejo que tenho, onde estou? Perdida.
Estaria perdida e sem esperança em qualquer lugar da terra, toda a gente está sofrendo, todo o universo esta em destruição,  as árvores viram prédios administrativos, e a grama que foi comprada vira o enfeite de entrada, mas esta tudo bem, é só um caos universal que logo passa.

segunda-feira, 29 de maio de 2017

Mínima VI.

Se olhar para dentro
O mar é maior.

Mínima V.

Teu corpo,
Cidade que ainda ei de visitar.

domingo, 28 de maio de 2017

Transpassar.

Queria que você atravessasse o meu corpo de novo, queria tua pele na minha formando uma só textura, untando meu corpo com tua saliva, misturando meu cheiro e o teu.
Quero que você atravesse meu peito de vez e faça de mim uma pequena parte tua, quero minha mão e a sua entrelaçadas em um gemer cordial, quero minha saliva humidecendo os teus lábios e a tua as minhas costas pequenas, que daria pra alagar inteira em apenas uma noite sua.
Quero minha língua em teus olhos e a menina dos meus a comer teu corpo inteiro. Atravesse de vez o meu peito,  o meu rio, eu quero alagar-me de ti, quero teus dentes em minhas roupas, meu corpo, tuas unhas em meu casco, e eu inteira em teu corpo, quero o teu suor e o meu se misturando feito tinta no chão.

domingo, 23 de abril de 2017

Burlar I


Sós.

Somos mulheres tão sós, não há espaço para tantos sentidos em nós, então eles jorram pelos poros
Sangue
Lágrima 
Fome
Falta
Vômitos 

Ruminar
Gritos 

Silêncio 
Somos mulheres tão sós que nada nos completa por muito tempo, nem amor, nem afeto, enquanto isso questionamos o que ainda falta, estamos rodeadas umas pelas outras, mas continuamos só, não há céus que nos complete ou poema que nos mude, não há arte que esteja perfeita ou palavras que estejam corretas. Estou só. 
Não contamos o verdadeiro motivo do choro, enquanto a desculpa é o sumiço do antepassado e o medo dele, não contamos nada, não contamos com nada.
Estou amassada feito roupa que não me cabe mais, e continuo pensando estar de pé, estou só. 
Somos mulheres só 
Somos mulheres lua
Somos mulheres sol
Somos mulheres mães 
Sorrimos, bebemos, nos abraçamos e nos amamos. Mas no fim somos solidão, somos casas vazias, onde quem entra fica pouco ou quando entram nós saímos.
Temo a solidão, mas ela me acompanha no meio de uma rua pequena, animada, com luzes amareladas, sou uma mulher só, e nesta vida ainda não há nada que me complete a alma.

(Im) permanência


Um dia o rosto
No outro a barriga
No outro o seu vômito
Outro dia as pernas
Outro a comida
Um dia os rabiscos
No outro os hibiscos
Outro dia a dor
Outro dia a derrota
No outro o alagamento 
No outro a morte.
Um dia feminista
No outro machista
No outro construtiva
Outro destrutiva, destruída
Corrói 
É só a dor
Um dia lagarta
No outro asfalto
No outro película
No outro o outro.
Teatro da dança das outras.
Um dia mulher, noutras mulheres que choram, me esmagam com os seus gritos em meu colchão. Um dia ninguém, noutros, todos os dias solidão nessa cidade de cãibras.

Reverter.


Inverter-se.
ser  

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                            Vinte e sete de maio, 2015. Outono

Sonhos esquecidos.


Acorda em soluços, mãos molhadas de água salgada dos olhos, mas com o quê sonhavas?  Por que choravas tanto? 
Não sabes,  não lembras. Seus sonhos são memórias esquecidas assim que abre os olhos de um sono cansado.

E os sonhos externos? 
Estão em coma desde o ano de dois mil e nove, quatro anos depois eles morreram junto com o sono, não sei mais onde conseguir novos planos, novos sonhos, novas vontades.
O corpo vive em busca de desejo,  duas horas e ele esta satisfeito.

E a alma?
Morre um pouco a cada segundo contado.
Os afetos nunca entraram pela porta da frente, os amores atravessam a janela com cortinas de flores, mas nunca os vi, o amor é uma ilusão.
Rotina, suor, frio e a falta de receitas, recitadas pela memória. 
Os sonhos foram esquecidos por um corpo que guarda culpa católica,  por uma alma inquieta, por planos que só saem da tinta azul da Cis, os sonhos são esquecidos quando abro os olhos e lembro-me dos atrasos dos anos passados, dos planos que estão ali prontos para começar mas o corpo cansado não deixa seguir.

Onde estão os planos? 
Enterrados junto com pilhas de papéis que estão a km de distância,  que estão perdidos entre dados de um computador velho e a criatividade que falta-me. Esqueça os sonhos antes de acordar, eles são passado que não terão tempo de existir.

A angústia não deixa-me existir desde que ela partiu.

quarta-feira, 29 de março de 2017

Passo a passo de como se apaixonar.

Primeiro encontre uma planta da qual goste muito e arranque um galho dela.
Segundo, pegue esse galho vá até o fim dele, e lasque o talo ao meu, apenas um pequeno pedaço, deixando a outra parte do galho inteira, depois, coloque esse galho em um copo com água, deixe alguns dias, acho que sete dias é o suficiente para brotar, durante este período de sete dias (fase de cada lua) vai vê a paixão brotar aos poucos, verá algumas finas e delicadas raízes sair desse corte que fizesse no galho.
Terceiro, para ser recíproco deve haver cuidado, se cuidar todos os dias essa planta vai crescer e te acompanhar para onde quiseres. Isso é paixão, que brota pouco a pouco, é o tipo de paixão que você faz nascer, crescer e viver mais do que você.

segunda-feira, 27 de março de 2017

Sussurro.

Habitava o reino dos sonhos que pouco habito quando acordo-me em um susto com um dos gritos de Maria, eram tantos, mas dessa vez só um sussurrou em meu ouvido, enquanto a moça escutava na sala uma música não identificada, o grito ficou longe, foi para a porta de saída da casa, achei que fosse sonho, mas não, o grito era nitidamente dela, era um dos gemidos dolorosos que ela não podia dizer os motivos, mas eu sabia quais eram. Esses gritos foram os que mostraram-me a noite, o passo da madrugada para todas as manhãs, eles já faziam parte de mim, de nós.
Acordei, escutei o sussurro em meus ouvidos e não voltei a dormir, fiquei esperando os próximos gritos que jamais voltariam na mesma noite, Maria gritava de dor, de raiva, de saudade, de amor, talvez de desespero por viver tanto tempo sendo parte de lençóis brancos, azuis, floridos, chegou um dia que ela não os quis mais, os deixou, nos deixou; E os seus gritos carrego comigo, vez em quando eles desaparecem, mas me acompanham com a mesma frequência da minha saudade. Eu a ouvi, em um leve susto do sono, era o sussurro da saudade. Era a voz da saudade.

sexta-feira, 17 de março de 2017

Março.

A pele prepara o corpo para o fim do verão, prepara a alma para o esquecimento e para o que esta por vir, depois da intensidade dos dias, do sol. O sol prepara a pele pra partir. 
Esta para ir pra mais uma estação, e a vida em passos de amor, lento e impaciente, a pele prepara o corpo para recolher-se na névoa que ficará por longos dias, a solidão vai partir para a carência abrir espaço na cama para o outono, a alma prepara a pele pra se recolher no passo da tarde.

domingo, 5 de março de 2017

Carne-corpo-carnaval I

Deixei as asas de pássaro amarelo me levar, fui passarinha amarela, fui mulher e invisível.  O carnaval atravessou meu corpo depois da quarta de cinza, em um domingo cinza, enquanto o cansaço me engolia, a dor me sugava e o sumiço me gritava, pulei o carnaval com saudade da Bahia e sem ela, hoje fui eu e mais outras fantasias, fui amor, desamor, fui passarinha amarela fantasiada de alegria.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Carne-corpo-carnaval

A terça é de carnaval
As quartas das cinzas
Os sábados de aleluia
E as ruas das serpetinas.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Pequeno conto amoroso I

Seria demais se ela estivesse te esperado para a sessão das 17h00, ao invés de ter visto o filme sozinha na sessão das 15h00, mas tudo bem, ela tem uma vida e a minha está se equilibrando cambaleando agora, pulando de ponto nada, iria ser bonito, encontra-lá na porta te esperando, pra uma surpresa com corpo, seria igual aos filmes. Mas não foi, vimos as sessões em horários diferentes e sozinhas, fomos feitas assim, coração farto, e de solidão. 

terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Mínima IV.

Sobre o cheiro, 
ele tem cheiro de perfume e cigarro.
Hoje, perfume, cigarro e chuva. 

Out, 21 de 2016

domingo, 23 de outubro de 2016

Carta para D.

Querença.
Deixei em sua casa alguns grampos de cabelo, acho que dois, que um dia ei de buscar. Deixei em teu peito o palpitar do meu coração, e a minha memória auditiva do pulsar do seu, Deixei em teu sexo meu melhor querer, o meu melhor anseio. Deixei em teus lábios meu gosto, meu seio, meu ser.
Pena que me deixou por outro peito de ombros largos que não tenho,
Se deixasse virava teu corpo inteiro do avesso e me vestia nele.
Deixou agora saudade, desejo, vontade de embriagar-me de ti por dias seguidos.
Deixasse em meu corpo todo o teu cheiro.

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Carta para Aurí.

O chá de Camomila, Sálvia e Gengibre esfriou enquanto chorava e digitava aquelas palavras pra ti, Outubro tem sido um mês pesado, parecendo nuvem carregada de chuva, seria aniversário de 45 anos de Maria, e o que restou? Nada muito além da saudade e da vontade de abraçar longamente aquela mulher tão magra, tão mãe.
Fora está angustia, tem a saudade que tem sido forte, fora isso tem a redução de vagas nas universidades, fora isso o Brasil em caos, fora isso, hoje tem chuva de estrelas cadentes e os muros da Tristeza me limitam ver o céu neste pequeno espaço retangular que moro. Cidade grande, de relações passageiras, Tem sido tempos difíceis para os que sentem, para os que se abalam, sou mulher, sinto muito, tu, poeta e ativista sentes mais. Parece que tudo ficou líquido, as relações se acabam de um dia para o outro, os sentidos das coisas não são mais vistos, talvez por isso essa agonia, e os meus olhos não param de jorrar, Não sei de onde tirei tanta angustia, tanta dor, tanta raiva, tanta vontade de sumir, me afogar em uma cachoeira. Na verdade, é o mundo que me deixa assim, sou eu, que não faço e não tenho sentido aqui. 
Hoje a manhã estava tão bela, luzida, ensolarada, penteei os cabelos, brinquei com as plantas,desenhei uma sereia azul, mas depois os ciclo se voltou, as lágrimas de novo jorraram, caíram feito tempestade. 
Espero que essa nossa dor passe, desejo que encontremos sentidos, ou que eu encontre, tu tem os teus que são belos e que incluí uma humanidade, sim, essas pessoas que tu ensina sobre a vida, na qual estou inclusa entre elas. 
Menino, não me esquece, vou precisar, preciso de você. 
Porto Alegre, 20 de Outubro, 2016, Primavera, Cheia. 

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Solitude.


Sobre ser só.
Atlântida e Babilônia cidades engolidas pelo caos da solidão, tão amadas que não existem, tão queridas quanto Tântalo.
A solidão da melhor companhia, trocados vivências de infância, a quinta foi uma gestação,  a sexta o nono mês, o sábado o parto e o domingo conheces os irmãos na calma e cinzenta manhã.  Levaremos todos para Atlântida para banhos em cachoeiras verdes, rios azuis. Partirei só ao amanhecer, depois das 05:00, deixo lembranças.
Enquanto as flores invadem os espaços da alma. Seguem bem vindos ao mangue.

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Carta para Isabel.

Isabel, tenho sentido sua falta.
Nego-me por inteira a crêr em teu peso, acredito em tua dor, em tua ânsia de viver, nas suas agonias, em teu criar.
Mas teu peso não!
Anjos não pesam, flutuam.
Sereias não pesam, flutuam nas superfícies das águas.
Mulheres não pesam, flutuam.
Tu não pesa, é luz aquarelada do fim de tarde.
No início da noite
E no meio da manhã quando se deita, cansanda pelo tempo.
Isabel, creio em tua insanidade,  pois os insanos são os mais sensíveis que conheço. Tua insanidade eleva tua alma ao azul do céu.
Em teu peso me nego a crêr,  sereias flutuam.
Porto Alegre, 05 de Maio, 2016. Outono.

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Expelir-se.

Moça não te vomites.
Todos os dias é o mesmo som, agoniante, você se joga pelo ralo.
Logo tu, que tentas a diferença é tão igual. Mulher entenda as questões da alma e aprenda a não ser igual as outras que tu diz que não é.
E os teus traços?
E as tuas cores?
E a tua solidão?
E a tua vontade?
São dela, ser dela.
Vão para ela.
Moça, te aceite, é melhor assim, dói tão pouco e a gente aprende a sorrir, não é fácil,  mas muitas outras moças conseguiram, São só revistas, são só retratos, retalhos, pose de gente que finge beleza, mas a alma não é saudável, Mulher aprenda a ser a ti mesma, sei, é complicado,  mas aos poucos conseguimos com dificuldade.
Mulher, cresça, teu corpo não é mais o mesmo e nem precisa ser, somos seres humanos metamorfoses, o corpo cresce e modifica-se junto com a idade,  aprenda a ser a ti mesma.
São só autorretratos, são só imagens que a revista que não te compra quer comprar, não se compare, é só maquiagem, moça, não te vomites, a alma precisa respirar, e assim ela desce pelo ralo.
E tu, não consegues pensar, não consegues pintar, dançar, não consegue ser leve. Não te maltrate assim.

domingo, 25 de setembro de 2016

Dó de ti.

Moça por que choras tanto assim?
Por que o sol se foi e tua mãe também?
Por que as outras moças não te olhas e tu também?
Por que teu corpo é miúdo e tu também?
Mulher por que choras tanto assim?
Deve ser porque tem olhos pequenos e muita água acumulada no peito
deve ser porque não sabe de onde vem a calma, e nem pra onde ela vai.
Talvez seja porque a única pessoa que a ama partiu pra outra mata, deve ser porque se sente só!?
Mas menina, por que te alaga tanto assim? Nem moras em Mariana, mas também sentes dor. 
Deve ser porque não se ama, porque deixou todo mundo ir com tua incerteza de viver.
Ei, por que choras tanto assim?
Deve ser porque teus olhos não vê direito e tua alma já que sair.
deve ser porque não tem um rio, pode ser que ela não foi, talvez seja porque morreu.
Deve ser por isso que essa moça chora tanto e não quer mais morar no jardim.

sábado, 24 de setembro de 2016

176

O ônibus parou.
E lá vai o trabalhador 
Tomar um sol, pegar um rio
Se divertir.
E nunca se viu um ônibus tão colorido.
Era o moço do algodão doce que pegava o ônibus e não eu. 

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Pôr-se.






O passo que a tarde caminha para a noite é sagrado.
Como as fases da lua
A mulher que sangra
A gestação
O passo que a tarde caminha para a noite é um parto.
São mães da mata se despedindo do sol e beijando a lua.
O passo que a tarde caminha para a noite é sagrado.

Cair-me




Você caiu

Em lágrimas
No meio de um monte de gente que nem te notava.
Você caiu
Aflita
Respiração ofegava
Doía o peito
Parecia que morreria ali
Os olhos não paravam de aguar
Você caiu
Em lágrimas o dia inteiro
Mas em casa sorriu
Fez piada
E a dor no peito não parava
Você caiu
Parece que vai demorar pra levantar.
Caiu em dor
Em um inferno que é o teu dia
Mas segue a rotina precisa
Inesquecível.
Você doía. Você se dói
Sempre sozinha.

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Nostalgie

Lembro-me daquele pé de erva doce, cheio de flores amarelas e um cheiro bom que corria por todo o quintal.
Nunca me dei conta que aquilo era o afeto enorme da minha avó, nunca me dei conta que as suas ervas, flores, todas aquelas plantas me fariam tanta falta.
Hoje sinto o cheiro de chá de capim-da-lapa, chamado aqui de capim-limão.
Sinto a falta dos chás de erva-cidreira que curava saudade, ansiedade, dor de barriga, febre, agonias e outras dores da alma. Lá minha alma estava perdida, mas o caos esta dentro de nós, uma pena não sabermos organizar nossa paz nos lugares.
Hoje estou com a memória olfativa, sinto o cheiro das Donas Marias dentro do meu corpo inteiro.
Nunca me dei conta que carrego a saudade de algumas mulheres no peito.

domingo, 19 de julho de 2015

Trovoando.

Perdida entre os relâmpagos e trovões.
Que parecem arpejos dos céus,
os anjos gritam, choram ou dançam, mostram-se gota a gota, pingo a pingo.
E eu silêncio.

Porto  Alegre, 13 de julho, 2015.

Chás

Era canela
cravo
amora
camomila.
Mas a saudade continuava.

sábado, 18 de julho de 2015

Do Amor.

Mulher não sofras.
Não te doe, não te doa. 
Toda vez que tu chora, meu coração se aperta. 
Os rins se contorcem, e os ossos enrijecem. 
Mulher, nunca sofras. Viro safra mal colhida e sofro junto. 
Mulher não chores. 
Pois toda vez que chora, meu peito se encolhe, e lá em silêncio ele também chora. 
Mulher, não te cortes, não te vomites tanto assim, a vida veio sofrida pra todo mundo, não só pra ti. Mulher, não sofras, quando sentes dor, a terra toda se move.
E mais de uma alma sofre contigo.

Rosa.

Rosa diz todos os dias que ele não conversa.
-Mas Rosa é a flor mais silenciosa que já conheci.

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Margaridas

 Hoje passei em teu jardim, não haviam margaridas.
Senti tanta saudade!
Não sei se de ti ou das margaridas.
Na verdade,
De te trazendo margaridas.
Margaridas brancas. 

A mais bela ausência de cor.

Sidi Gama, em 04 de Maio, 2015.
Carta recebida em Junho, 08.

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Âmor.

O amor é uma criança que perdi na rua
é essa coisa que não me deixa dormir
é uma moça que pula da árvore a suicidar-se.
O amor, uma loucura que muitos temem e todos querem
 é um jogo de loteria.
O amor, é um não sei o quê, de não sei onde, que não vivo mas sinto.
O amor é a causa da eloquência de maioria
O amor é um menino que some de noite e aparece de dia
que entrou e saiu pela porta dos fundos
é uma dessas agonias que não sabemos as consequências,
é a vontade de concluir a vida
de adiantar as horas
de correr no tempo
O amor é o medo de morrer sozinho
é a transfiguração de dentro pra fora.

morro no mundo e não morro de amor!

sábado, 28 de março de 2015

Flora.

Nasceu semente
Cresceu flor
(de dia lua, de noite sol).
E morreu gente, eis o triste fim da natureza humana. 

Perigos do Amor.

1.
Pular de cabeça em um amor raso.

2.
Afogar-se num amor profundo.


Éliton Oliveira.

quinta-feira, 26 de março de 2015

Anjos.

Um dia desses perdi-me como sempre.
Fui salva por um anjo.
Me levou para o inferno e paramos nos céus.
Por incrível que pareça seu nome era Gabriel.
Depois daquele sábado doce, nunca mais apareceu;
guardo seu abraço no corpo.

Ela.

Ela esqueceu as horas, os saberes, as saudades e agora sente frio.
Ela esqueceu os amores, o tempo e o clima, esqueceu-se de si mesma depois das dores do peito, do calor do céu e da lua que havia sumido durante um tempo. 
Ela guardou-se feito caixa de presente, amassou-se, morfou-se, mas encontrou os seus melhores e mais guardados defeitos, as suas melhores e piores belezas guardadas no peito, escondidas na clareza da alma, ela desnudou-se e mudou-se para dentro. 
Ela agora silencia e ora, faz prece, reza e dança, ela agora é sol.
Encontrou-se na sombra e sonhou toda a noite, ela esqueceu os irmãos Grimm, agora vive contando pra si.
Ela agora é corpo, ventre e fúria. Ela é a contradição da loucura, é a lucidez, a pessoa!
Ela sumiu na sombra, luziu!

Foto: Maria




Carta online.



" Bacana, se realize. Se reconheça. Seja o melhor de ti por você mesma. Faz um tempo que eu queria te dizer: Na universidade aprendemos a questioná-la, ela não é o único caminho, nunca será. A realização pessoal de cada um, vai muito além desse espaço. Esse espaço nos reduz. Aproveite esse tempo fora dela e adquira outras habilidades. Venha sim, venha viver comigo, ser esse porto seguro um do outro. Sinto muito a necessidade de nossas constantes trocas. Aprenda outra coisa. Se jogue no estranho. Aprenda a tocar algo. A dançar uma dança daí. Aprenda outras mantras. Outros poemas. Conheça o sentido de ser um porto alegre. Eu queria viver a leveza de estar fora dela. Venho pensamento muito na minha falta de tempo para me reconhecer nas ruas. Quem sou eu? Qual minha potência? O que fazer na madrugada? Amo a arte, mas qual a minha na real? Não quero ser um consumidor, quero ser presente. Quero aprender a ser melhor e não estar preso a uma habilidade especifica na qual o diploma vai me oferecer. Sonhe mais, se faça!            

                                                                                                                                      De: Raí Amorim
                                                                                                                    Para: Cristiane Dos Santos."

 P.s.: Cartas de amigos que não tem tempo de ir ao correio, carta com cheiro de saudades. 
 

domingo, 22 de março de 2015

Dual.

Foto: Maria





Não digas que és única.

Não digas que não pensas e que não muda.
Mulheres tem duas faces, uma que chora e outra que ama.
Diga-me que conta a mesma história de diversas formas para o teu filho
Diga-me que teu cabelo leão some quando entra no trem lotado de gente.
Mulheres sentem, mais que qualquer flor que nasce.
Não digas que tens a mesma opinião o tempo todo
Não digas que é imutável, porque eu já mudei de opinião. 
Mulheres tem duas faces, uma que ama e outra que luta.
A fêmea pare e tem duas faces.

Vermelho rebu.

Engula teu feminismo, e vomite na cara dos homens;
Do patriarcado, afinal as ideias mastigadas e trituradas saem bem melhor.

Mago Saramago - Caverna de Platão e as imagens

"As imagens substituem a realidade." 
Hoje somos imagens, sons, nos desconstruímos do silêncio e do claro. Vivemos em uma sociedade onde não há visão horizontal, vertical ou traseira, não nos permitimos isso, criamos um mundo só nosso, nos prendendo aos nossos próprios, pré conceitos, conceitos e ideias das quais iludimos serem únicas, não nos deixamos adquirir opiniões, conhecimento, tribos, culturas, espaços, por mais que tentemos, que algumas pessoas digam que está livre a toda e qualquer mudança (ideia, opinião) até uma parte diferente de nós mesmos, acabamos que realmente nos perdemos de nós, somos nossa própria caverna, nos isolamos dos outros (imperceptivelmente) para construirmos um "mundo"nosso, onde nada se vê, nada se enxerga, tudo se perde. 
Talvez seja esse o motivo deste grande caos mundial, onde se matam por religião, sexismo, violência e outros mil, o que agonia as pessoas é o sermos mutáveis, causando em outros um certo 'ódio' por poder, por querer, por sentir que precisamos incluir conhecimento sem radicalismo.


domingo, 15 de março de 2015

Mínima III

Entre a solidão e o medo,
eu viro sombra.

Um março longo.



O país está dividido, esquerda, direita, preconceitos e palavras de ódio, a questão deixou de ser partidária e transformou-se em uma questão social e de sexo, onde a agressão se dar principalmente a mulher. Em pleno 08 de março, dia internacional da mulher a primeira presidenTA do Brasil em seu segundo mandato,  foi agredida verbalmente com vaias e xingamentos machistas, de puta, vaca e outros mais que queira Lula saber quais foram, justo no dia da Mulher inventam um tal de panelaço, poderia ser qualquer coisa, inchaço, tijolaço, gritaço, mas não, foi Panelaço, segunda demonstração do quanto o nosso país é ainda patriarcal. Estávamos a um passo para uma sociedade desenvolvida e igualitária, mas a "classe alta" que pode pagar uma empregada não quer ver uma mulher negra e pobre fazendo faculdade de Direito em universidades particulares, estamos lado a lado da democratização e socialização de um país desigual há tanto tempo, mas há ainda as moças que tem vergonha de não saber cozinhar e o rapazes que acham que o sexo feminino não entende de política e que lugar de mulher é na cozinha. Foi isso o nosso dia de comemoração de luta da classe oprimida que está conquistando a cada dia mais lugares na sociedade, as mulheres de empresários estão fazendo um panelaço com o terceiro mês do segundo mandato de Dilma Rousseff, a Senhora que sancionou o feminicídio e está colocando na porta da frente a descriminação do aborto. Não sei se corro ou fico, nós deveríamos bater no seio e dizer que estamos conseguindo, enquanto a França a 40 anos da luz à mulheres que tem direito e liberdade sobre seus corpos, o problema pode ser político e econômico, mas não é motivo para chamarem uma mulher de vaca, a não ser que ela seja sua amiga mais íntima e isso não siga como ofensa. 

O que parece é que os homens amedrontaram-se, notaram que o país está caminhando para uma sociedade matriarcal e socialmente desenvolvida, onde mulheres, negros e pobres estão tendo seus devidos lugares, universidades, empresas, rolezinhos em shoppings, e agora falta empregadas domésticas, porque elas conseguiram abrir seu  próprio negócio, é esse o negócio, o medo da classe bem sucedida é que todos ocupem o mesmo espaço, por isso criaram o tal panelaço. Não adianta gritar, querer tirar quem está no poder, o Brasil é imenso, não dar pra tomar conta de mais de 200 milhões de pessoas, não dar pra descobrir todos os problemas sociais e econômicos em apenas 8 anos, mas nesta estadia de oito anos no governo o partido de "esquerda" mudou a vida de alguns muitos brasileiros, então há mais facilidade em atribuir a culpa a um gênero que há séculos é culpabilizado, porque ninguém notará esse preconceito (machismo), encontrar a culpa em uma mulher no meio de tantos homens corruptos é fácil, mas encontrar a coragem e a insistência em melhorar o país que ela tem em um homem sequer que é meio difícil. E sobre o 15 de março, não adianta tentar derrubar uma mulher, quando isso acontece todas elas se levantam.